
Silêncio & Escuta Ativa
Criar espaços e uma atmosfera silenciosa é pilar base para que a criança possa manifestar a sua vontade interna. Esse espaço é vital para permitir que a criança floresça no ambiente. Para isso o adulto deve estar integrado a ele, ser presente nesse espaço aparentemente vazio. Um silêncio interno. Afinal a criança tem a capacidade de se fusionar com o todo absorvendo e sentindo o ambiente e a educadora também faz parte dele. De nada adianta um adulto em silêncio externo mas com a mente ruidosa pensando no supermercado que precisa fazer, na roupa que esqueceu de tirar da máquina de lavar ou da raiva que está sentindo do marido.
Nós adultos somos muito ruidosos em comparação com a energia das crianças. Podemos dominar o ambiente tirando a criança do seu sentir, do interno e ir para o externo numa fração de segundos. A importância da tarefa do educador está em evitar interromper a criança no seu esforço e na sua brincadeira. A educadora deve aprender a observar, visto que o nascer do fenômeno da concentração na criança é muito delicado.
Para que isso seja possível o educador consciente precisa de uma preparação especial. Para isso encorajamos práticas de meditação para que pouco a pouco o adulto, educadores e pais, possam se conectar com a prática do silêncio. Que como qualquer prática requer constância e disciplina.
Conforme afirma Maria Montessori no seu livro A mente da criança: “Um dos pontos e ao meu ver o principal ponto a ser considerado nos educadores é o silêncio. O educador deve saber silenciar-se. A habilidade da educadora em não interferir vem como todas as outras, com a prática, mas não com a mesma facilidade”.
Sabemos que no dia a dia é difícil encontrar o silêncio. Para isso é importante encontrar espaço para ele na sua rotina diária. Um minuto de silêncio antes de entrar em campo com as crianças, respirar, escutar uma música calma pode ajudar. Um minuto antes de almoçar e começar a comer, um minuto antes de entrar em casa na volta do trabalho, no banho ou também antes de dormir.
Aos poucos incorporar o silêncio pode ajudar muito. Quando estamos na presença das crianças importante o trabalho da auto-observação. Observar os seus próprios impulsos em querer “ajudar” a criança, observar a sua forma de comunicação e incluso os pensamentos que surgem ao ver a criança realizar uma ou outra tarefa.
É um trabalho que requer coragem, paciência e amorosidade com você. Se permita.
“O silêncio ajuda, mas você não precisa dele para encontrar a calma. Mesmo se houver barulho por perto, você pode perceber a calma por baixo do ruído. Esse é o espaço interior da percepção pura, da própria consciência”.
(Eckhart Tolle - O poder do silêncio)


