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Nossas diretrizes

A Educação Viva & Consciente tem como base apoiar a livre expressão das crianças e acompanhá-las nesse desenvolvimento. Um desenvolvimento que acontece de dentro para fora e tem no ambiente seguro e preparado o chão pra desabrochar. ´

 

É uma educação que acontece a partir do encontro humano. Um encontro horizontal que tem como base a criação de vínculos afetivos reais que possibilitam que as crianças desenvolvam a confiança que necessitam para a sua evolução. Para que isso seja possível o atuar do educador permeia pilares muito importantes e que sustentam a prática do encontro do adulto com as crianças.

 

São eles:

Observação - Não diretividade

Observando os adultos e o nosso atuar com as crianças percebe-se uma tendência a negar o que brota delas. Há uma idéia geral de que devemos melhorá-los, que são seres “vazios” e que precisam ser preenchidos com o “conhecimento” que julgamos necessário. Sem perceber, anulamos o conhecimento que brota das suas próprias experiências genuínas.

 

Entendemos que é preciso ressignificar essa relação para que as crianças construam seus próprios caminhos e aprendam de forma autônoma. Apoiar a vida, a natureza humana que se desenvolve é um dos grandes e mais importantes papéis de todo e qualquer adulto que está perto de alguma criança. Devemos esforçar-nos para permitir que a criança se sirva do seu poder criativo. Que elas possam descobrir-se pelo caminho.

Permitir que cada criança se torne a protagonista da sua aprendizagem.

A criadora da sua própria aptidão, autora do seu próprio aperfeiçoamento. O adulto acompanha, apoia, amplifica. Ajuda o indivíduo a descobrir e realizar as suas potencialidades, principalmente de forma passiva, sem interferências. Isso significa dizer com a interferência precisa e mínima de nossos condicionamentos como julgamentos, qualificações, comparações e expectativas.


Não direcionamos as crianças. Não dizemos o que devem ou não devem fazer com relação ao seu próprio descobrimento pessoal e o desenvolvimento dos seus talentos. A criança é quem indica nas suas manifestações espontâneas e no seu progresso, na intensidade dos seus esforços e na constância das suas livres escolhas o desabrochar do seu caminho. Nesse contexto, o educador deve aprender da criança, observá-la nesse florescimento e servi-la como melhor pode.

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Cuidado com o julgamento

 

O Julgamento é uma ação intrínseca do ser humano que nos permitiu a vida no passado. Ele nos ajudou e ajuda a definir se uma situação é perigosa ou não, servindo para a nossa própria segurança. Falar em não julgamento é até utópico. Eu julgo, você julga, todos nós julgamos. A diferença aqui é a maneira que fazemos os nossos julgamentos e a forma que agimos a partir deles. 

 

As crianças estão descobrindo o mundo e habilidades sociais a todo momento. Nesse descobrir emoções emergem numa impulsividade primitiva. Tapas, gritos, choros e até mordidas. Percebemos que o adulto julga o atuar da criança a partir de uma ótica do adulto. Esquecendo que as habilidades sociais emergem no processo do desenvolvimento infantil e que o papel do adulto é ajudar como um guia emocional.  

 

Quando falamos para cuidar os julgamentos queremos dizer que não  julgamos as crianças. e as suas manifestações. Nada está certo nem nada está errado. Esta simplesmente o que está. Tudo faz parte do processo de evolução. 

 

Para clarear tal ponto trazemos o seguinte exemplo: Quando  uma criança bate em outra criança por alguma situação que aconteceu entre elas, percebemos que normalmente o adulto já coloca uma carga negativa ao falar com a criança. Repreendendo o ato de uma maneira muito agressiva. Às vezes até gritamos. 

 

Nesse exemplo precisamos trazer para a consciência que a criança recebe a fala do adulto de uma maneira completamente diferente de como nós adultos a recebemos. A criança sente no seu mais profundo e acredita que algo está errado com o seu sentir.  Nesse exato momento, ela se desconecta dela mesma abrindo espaço para “confiar” naquilo que a voz externa do adulto afirma. Esse processo não acontece de uma maneira consciente e elaborada, ele simplesmente se dá.

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Com isso não queremos dizer que famílias e educadores devem tolerar batidas, gritos, chutes ou mordidas. Claro que não. Ações que prejudicam os outros ou a si mesmo não são maneiras apropriadas de expressar sentimentos. 

Aproveitar os momentos de perturbação da criança para ser uma espécie de mentor emocional é de extrema importância  - nomear os sentimentos, validá-los, conectar-se - para depois oferecer maneiras apropriadas para lidar com determinada situação ajudam e muito a criança a ir aprendendo habilidades emocionais. Saímos da repressão para aceitação do que o outro está sentindo, e a partir disso conectamos e podemos ajudar a criança a lidar com as diversas emoções que passam por ela, agindo de outra maneira.
 

Precisamos entender que em muitas situações o julgamento fala mais sobre nós mesmos do que a pessoa ou ato em si. O que se esconde no julgamento pode ser a própria projeção da sombra refletida no universo que perfaz o outro. O pedido aqui é para que cuidemos do que é nosso, do nosso jardim, para que nossa sombra não recaia na criança. 

 

Aproveitar e escutar os julgamentos que surgem no encontro com com a criança pode ser um grande e libertador exercício de autoconhecimento.

Cuidado com qualitativos e comparações 

 

Somos seres diversos e únicos que compartilham algumas semelhanças. Honramos a unicidade de cada ser. Não comparamos uma criança com a outra com a ótica da competição e tampouco qualificamos as suas atitudes.

 

Observamos que comparações e qualificações apagam as crianças. Aprisionam e distanciam uma das outras também como distância a criança dela mesma.  Para reconhecer algo realizado pela criança podemos sim salientar o logro dela nomeando aquilo que foi conquistado por ela. Como por exemplo: Estou vendo, você subiu bem alto”. Reconhecemos sem criar qualitativos como “Parabéns, você conseguiu que corajoso você é” ou “Que desenho mais lindo”

Precisamos cuidar da nossa fala e do impacto que ela pode causar.  Exemplo do que não fazer: “olha, o Paulo comeu todo o prato. Você também precisa terminar de comer.” Acontece aqui que o Paulo não é a Maria. O estômago dele não é do mesmo tamanho, a fome não é a mesma, o paladar de um é diferente do outro. Nesse exemplo ao comparar estamos “inconscientemente” falando para Maria deixar de escutar o corpinho dela que diz “ já estou satisfeita” para olhar para o Paulo e para o adulto e satisfazer as expectativas e vontades desse adulto que quer que eu coma e termine meu prato. Percebem como uma pequena fala ou atitude pode trazer uma mensagem equivocada? 

Cuidar para não fazer comparações é um exercício que requer prática e presença. Sejamos amorosos com o nosso processo. Aos poucos vamos caminhando e ampliando a consciência no encontro humano com as crianças. 

“Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ele vai gastar toda a sua vida acreditando que é estúpido.”

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Comunicação simples

A comunicação da criança é bem diferente da comunicação que nos adultos estamos habituados. A criança não entende suposições. As suas conexões são mais concretas e claras. Com o tempo nos distanciamos dessa forma de comunicação e criamos uma atmosfera onde a criança precisa se adaptar ao formato de comunicação do adulto, que normalmente é muito mais rápido e acelerado. O que gera uma grande fricção na criança. Levamos a sério essa preocupação, prezamos pela preservação de um campo silencioso onde o adulto possa se conectar com a simplicidade da comunicação da criança. Uma simplicidade rica em sua abrangência.  

 

Usamos poucas palavras e repetimos o que a criança diz e quando ela ainda não fala e algo aconteceu, como exemplo, caiu no chão, e se machucou, nomeamos o que aconteceu e o que ela demonstra estar sentindo para que ela entenda que a vimos. Esse repetir tem uma importância fundamental. Traz para a criança a segurança de que o adulto esta entendendo o que ela quer. Ela se sente acolhida. Respeitar, reconhecer e afirmar o que a criança sente é fundamental. E fazemos isso através das palavras. 

 

Às vezes, uma simples palavrinha, ou a ausência dela, faz toda a diferença. Privilegiar a linguagem positiva e tomar cuidado para não dar um tom de ameaça ao que diz é fundamental. O medo da punição, por parte da criança, diminui a autoestima e a boa vontade. 

 

“Quando temos medo de ser punidos, concentramo-nos nas consequências e não em nossos próprios valores”  

Marshall Rosenberg.

 

Além de cuidar da nossa comunicação precisamos estar atentos aquilo que a criança comunica não só com as palavras mas também com as suas ações. É por meio da birra, dos ataques de raiva que muitas vezes a criança expressa o que sente. Conforme Marshall Rosenberg apontou em seu trabalho sobre Comunicação Não-Violenta: “Toda violência é a manifestação trágica de uma necessidade não atendida”. 

 

No caso da criança, como a linguagem verbal é restrita, o corpo passa a ser o seu veículo para manifestar aquilo que a está incomodando e cabe ao adulto, em um exercício empático, perceber a sua dor e agir a partir dali”.

 

  • Ações que comunicam: bater, empurrar, chorar, morder, gritar… 

  • O quê as nossas reações comunicam a respeito do que aquela criança nos espelha? impaciência, raiva, pena…

 

Seguindo o estudo de Marshall Rosenberg, é na troca com o outro que acabamos escutando não só as necessidades dele, como também as nossas. O que será que o meu comportamento raivoso, impaciente com aquela criança, está querendo me dizer? Dar um tempo para si, acolher as próprias necessidades, estabelecendo auto-empatia, é também um passo importante para a melhora de nossos relacionamentos.

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